quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Lira muda

Aí vai um dos primeiros poemas que fiz, um pouco de Trovadorismo e Ultra-Romantismo :

Lira muda

As mais belas rosas a vós eu trago
para nesta vida alegrar meu amor.
No opaco copo de scotch me embriago
e esqueço de sepultar a minha dor.

A vós o ingênuo olhar puro, seu amigo,
sem macular o mais belo dos seres.
Só ofegar se morrer o ser comigo
que outrora afundou em vivos dizeres.

Se foi a vós que sinceramente amei
da terra maviosa a todos os mares,
é porque no espírito carreguei
a confiança de vossos olhares.

Hoje, se minha lira não tocar mais
é porque suas cordas enferrujaram
ao sugarem loucas chispas que jogais,
quando meus olhos para vós se elevam.

domingo, 7 de agosto de 2011

Carta ao pai

Naquela manhã as pessoas estavam lindas,
as pétalas do amor as mantinham unidas.
Bem longe, passeava um barquinho sozinho,
com nenhuma atenção, seguia o seu caminho.

Quando o puro céu em púrpura cor se pintava,
e o poderoso sol já perdia a potência,
a simbiótica corda já se queimava,
satirizando em chicote na consciência.

Serenas águas em turvas se converteram,
pois valente lua é por trevas invejada.
As tredas águas o barco não detiveram
e a confiança acre da lua era guiada.

A noite começava a engolir o mar
e o amor daquelas pessoas expulsar.
Mas aquele valente barco não cedia,
cheiro da angústia noturna não possuía.

Mas por que se ele tão frágil não padecia?
Por que se o mar tão furioso não o matava?
É porque dentro daquele barquinho estava
o amor que tão cedo lhe revelaria

O último beijo

Falsa noite mentia a salvação.
Mar, que levava o barco ao paraíso,
perfumava-nos, duas serpentes, do riso
que facilmente escondia a perdição.

Na proa, o céu logo lhe chamava,
Pois cristalinos anjos vão mais cedo.
O barco ancorava na Ilha do Medo
e última prece para Deus rogava.

Gélido beijo submerso lhe dava
E olhava para as estrelas, sorria,
Louvando a alma que me retornarva,
O vago da eternidade de um dia.

CÍlios do seu rosto, que tanto abriram,
NÃo responderam aos meus frios lábios,
TITubearam na dor que enxergaram.

Andarilhos da escuridão

Na mais fiel companheira, a solidão
os andarilhos das sinistras trevas
procuram, persistentes, união,
mas nas jornadas só encontram perdas.

A noite já está quase chegando,
quando eles já estão sugando
a monotonia, asas da manhã
e negando uma mente muito sã.

Esperam o álcool matar o atual,
sendo-lhes perfeitos vassalos.
Clamam ao deus Baco um ideal:
cavalheiros montados por cavalos.

Se não acharem a chave desta porta,
irão procurar na lasciva morte
a esperada resposta, sem sorte,
já longe de uma existência torta.

Lágrimas de fel

À melancólica música de Chopin ele chorara
e compensava as quentes gotas com borbulhante bebida.
Nos macabros versos elevava a bela mulher que amara,
ao mesmo tempo em que beijava o seu corpo já sem vida.

Naquela noite vestia o cadáver com o sinistro véu,
embriagando-se com o gostoso sangue espumado
para conseguir bailar a valsa nupcial acordado
e não lhe derramar as nostálgicas lágrimas de fel.

O prateado candelabro, imponente, os iluminava
e refletia os negros vultos na porta da consciência.
Por que este marginal fazia o que ninguém imaginava?
Por que nunca deixava o corpo apodrecer, com paciência?

As desfolhadas árvores falavam sobre o marginal
e o vento agonizava súplicas de piedade
para aquela morta, que não lhe fizera alguma maldade,
para aquela, que não lhe dispensara o amor espectral.

O espelho da verdade

O espelho da verdade traduz a alma,
porque destrói a dissimulação do ego
e profunda insatisfação não nego
há de emergir e devastar a calma.

A máscara do égo é uma convenção
usada para chamar a atenção
desta sociedade na decadência
de sua própria moral e decência.

O homem evita o espelho da verdade,
o único que não reflete vaidade.
apenas a repugnante imagem
é revelada sem a camuflagem.

O espelho da verdade foi quebrado,
sete pecados de puro pesar,
ira, vingança, rancor, almejar
o triste destino sempre negado.

Cavaleiros das névoas

Felizes cavaleiros da espada sagrada,
que entregam as rubras vísceras pela amada,
levantai, por favor, da gelada cripta nojenta!
voltai para este lado onde só se lamenta!

A pedra da essência, de tanto esculpida,
ficara oca e quebrara entristecida.
O cobre pesa mais que o esquecido espírito,
transformando a sensual valsa em seco atrito.

A luz da virgem esperança, que carne esquenta,
como mãe confiada por filho amamenta,
caíra na penumbra do vale das cobras,
onde não há rosas, apenas podres toras.

Cavaleiros da távola mecanizada,
nunca sucumbir na masmorra amargurada!
Virai os cavaleiros do tempo das trevas,
que não eram cobertos destas negras névoas.